terça-feira, 29 de março de 2011

Controle no Alemão

Traficantes

Cv comando vermelho

MC ORELHA VERMELHAO TIPO FAIXA DE GAZA

Bastidores do Crime II

Bastidores do Crime

Infância Perdida V

Infância Perdida III

Milícias

Parceiros do Crime

Infância Perdida II

Infância Perdida I

Falcão VI

Falcão V

Falcão IV

Falcão III

Falcão II

Falcão I

Juizo - O filme IX

Juizo - O filme VIII

Juizo - O filme VII

Juizo - O filme VI

Juizo - O filme IV

Juizo - O filme V

Juizo - O filme III

Juizo - O filme II

Infratores

Juizo - O filme I

Sistema Carcerário

Presídio de Segurança Máxima

Fernandinho Beira Mar - Gênio do Mal - Controle Total

Fernandinho Beira Mar - Gênio do Mal.

Amigos, é de arrepiar os cabelos a reportagem de capa de VEJA que chegou aos assinantes e já a muitas bancas em todo o país, sobre o criminoso Fernandinho Beira-Mar.
PRESO E AINDA NO COMANDO, diz a chamada (principal título) da capa, com o subtítulo auto-explicativo: “Como Fernandinho Beira-Mar, o bandido mais perigoso do país, continua a traficar, matar, sequestrar e controlar territórios de dentro de sua cela”.
Ele já não tem celular nem controla sua quadrilha por recados à sua mulher (que cumpre pena em outra prisão), um dos 10 filhos ou um seu advogado, desaparecido desde 2007. Mas, preso no suposto presídio federal “de segurança máxima” em Catanduvas (PR), que tem uma série de restrições aos detentos, consegue se comunicar com o exterior por uma incrível mordomia de que dispõe, apesar da periculosidade que o fez merecer um total de 120 anos de cadeia por homicídio, tráfico de drogas e de armas: ele pode tomar banho de sol no pátio com outros detentos e também participa de visitas coletivas de parentes, durante as quais o monitoramento por microfones é ineficaz devido ao barulho ambiente.
Esse bandido terrível, de dentro de uma cela de concreto de 6 metros quadrados, consegue faturar 1,5 milhão de reais por mês.
Leia só este pedacinho do texto da repórter Laura Diniz e você terá uma boa ideia de mais essa barbaridade que ocorre “neste país”:
Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, não é um gênio do mal nem um criminoso dotado de poderes sobrenaturais, mas faz o diabo no cubículo em que está encerrado na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR).
Sob as barbas do estado, planeja, determina e supervisiona a compra, a venda e a distribuição de centenas de quilos de cocaína e maconha por mês — quando não está ocupado ordenando assassinatos, sequestros e rebeliões.
Aos 43 anos, 15 dos quais passados na cadeia, Beira-Mar continua sendo o plenipotenciário líder do tráfico de drogas no país — e a prova viva e debochada da incompetência do sistema penitenciário brasileiro.
A reportagem ainda não está disponível na Internet.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Crime Organizado

No Rio, criminosos de facções rivais estariam unidos para promover um mega-ataque no próximo sábado, dia 27
Polícia captou ligações entre membros do Comando Vermelho e do ADA, segundo jornal. Governo admite possibilidade de acordo entre os criminosos
“O serviço de análise da Subsecretaria de Inteligência detectou que está havendo esse tipo de união de duas facções. Isso não quer dizer que o crime seja organizado, pois facção criminosa não é organizada”

José Mariano Beltrame, Secretário de Segurança Pública.
O governo do Rio de Janeiro prometeu endurecer a ação contra os criminosos que promovem, desde domingo, uma onda de ataques em todo o estado. E a reação dos bandidos promete ser dura. Traficantes de facções rivais estariam unidos para promover um mega-ataque no próximo sábado, dia 27, de acordo com reportagem do jornal Folha de S. Paulo.

Entrevista: Sérgio Cabral: 'Isso é uma guerra'

Os planos dos criminosos foram descobertos pelos serviços de inteligência da Secretaria de Segurança do Rio por meio da interceptação de conversas entre os traficantes. De acordo com o jornal, os diálogos revelam planos de ataques contra as sedes dos governos estadual e municipal, além do lançamento de explosivos em áreas de grande circulação, como pontos e ônibus e shopping centers na zona sul. Os bandidos estaria planejando até mesmo ações contra familiares do governador Sérgio Cabral.

Em entrevista na tarde de terça-feira, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, admitiu que há indícios de que membros do Comando Vermelho, cuja principal área de atuação é o Complexo do Alemão, e da facção criminosa Amigo dos Amigos (ADA), que chefia o tráfico na Rocinha, estariam unidos com o objetivo de desestabilizar a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no estado.

De acordo com reportagem do jornal O Globo, a polícia investiga informações de que 100 homens do Comando Vermelho estejam na Rocinha com o objetivo de dificultar uma possível ação do Bope na favela para a implantação de uma UPP. Os traficantes já teriam estocados pneus para serem incendiados e dificultar a visibilidade dos policiais.

Segundo a Folha de S. Paulo, no final de semana, um grupo de criminosos da Rocinha teria pernoitado no Alemão para negociar com Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, e Fabiano Atanazio da Silva, o FB, chefes do tráfico na favela e na Vila Cruzeiro uma ação conjunta para desafiar o governo. “O serviço de análise da Subsecretaria de Inteligência detectou que está havendo esse tipo de união de duas facções. Isso não quer dizer que o crime seja organizado, pois facção criminosa não é organizada”, disse Beltrame na terça-feira.

Novos ataques foram registrados entre a noite de terça e a madrugada de quarta-feira. Criminosos incendiaram veículos e atacaram pelo menos uma base da Polícia Militar. Os ataques ocorreram na capital, na região metropolitana e na Baxada Fuminense. Até as 3h30, a polícia havia contabilizado nove veículos incendiados.

Quem é quem no Comando?

15/04/2004
Facções
da Folha Online

As três principais facções criminosas do Rio são CV (Comando Vermelho), TC (Terceiro Comando) e ADA (Amigos dos Amigos).

Saiba mais sobre cada uma:

Comando Vermelho

O Comando Vermelho foi criado em 1979 no presídio Cândido Mendes, na Ilha Grande (RJ), a partir do convívio entre presos comuns e militantes dos grupos armados que combatiam o regime militar. Surgiu a partir da Falange Vermelha, com o lema "Paz, Justiça e Liberdade" e institucionalizou o mito das organizações criminosas no tráfico do Rio.

A cocaína foi a responsável pela grande ampliação do poder do CV, na virada dos anos 70 para os 80. O Brasil entrou definitivamente na rota da droga, como ponto de distribuição para a Europa e como mercado consumidor do produto de baixa qualidade.

Também trouxe armamento pesado, como pistolas, metralhadoras, fuzis, granadas e armamento antiaéreo.

Além de dominar morros e favelas, o Comando Vermelho ainda está organizado nos presídios do Rio, como Bangu 1.

Terceiro Comando

O TC (Terceiro Comando) surgiu nos anos 80 como dissidência do Comando Vermelho, a principal organização criminosa do país e do qual se tornou o grande rival, e tem realizado ações marcadas pela extrema violência para tomar os domínios.

A prisão de Mauro Reis Castellano, o Gigante, líder do tráfico nas favelas da Maré, resultou em brigas internas no CV. O TC se fortaleceu e passou a dominar comunidades.

Castellano foi assassinado em 2000, no presídio de segurança máxima de Bangu 3.

Amigos dos Amigos

A facção ADA (Amigo dos Amigos) foi fundada por Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, e por Celsinho da Vila Vintém por volta de 1998.

Uê foi expulso do Comando Vermelho em 94, após tramar a morte de Orlando Jogador, um dos líderes da principal organização criminosa do Rio de Janeiro.

Principal rival do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar (ligado ao CV), Uê foi morto em 2002, durante rebelião liderada pelo Comando Vermelho no presídio de Bangu 1.

Com a morte de Uê e a prisão de Celsinho da Vila Vintém, o TC e a ADA se uniram. Dissidentes das duas facções formaram o TCP (Terceiro Comando Puro).

PCC

O PCC (Primeiro Comando da Capital) surgiu nos anos 90 e é a principal facção criminosa de São Paulo. Inicialmente, a sigla batizava um time de futebol, criado para enfrentar time rival formado por presos oriundos do interior do Estado.

A facção foi responsável, em fevereiro de 2001, pela maior rebelião do país, tomando 29 prisões.

Segundo a polícia, há uma aliança entre PCC e o CV, do Rio.

Milícias II

Milícias

Parceiros do Crime

O Tribunal Decidiu

Desrespeito ao Estatuto

Mensagem do PCC

Brazil in PCC

Carandiru - Casa Vazia

Carandiru - 15 Anos depois

Qual é o real tamanho do PCC?

Durante seis anos e meio, Nagashi Furukawa comandou a Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo. Ele pediu demissão em maio de 2006, depois dos ataques do autoproclamado Primeiro Comando da Capital (PCC). Além de secretário de Estado, Furukawa trabalhou como delegado, promotor, juiz e diretor do Departamento Penitenciário Nacional. Atualmente dedica-se à advocacia. Aos 60 anos, Furukawa é um dos maiores especialistas do país em gestão de presídios e profundo conhecedor das entranhas do PCC. A convite de ÉPOCA, ele assistiu ao filme Salve Geral, um longa-metragem inspirado nos ataques que aterrorizaram São Paulo e que o levaram a pedir demissão.

ÉPOCA – Como o senhor avalia Salve Geral?
Nagashi Furukawa - O filme é muito bem-feito, bem dirigido. Tinha ouvido comentários de que haveria um glamour em torno da organização criminosa, mas não avalio dessa forma. Claro que aqueles que são mostrados no final como os presos líderes do PCC, aparentemente, ficam numa situação de sucesso. Por outro lado, a Ruiva (interpretada pela atriz Denise Weinberg) tem um final muito triste. E ela era uma das principais lideranças. Algumas coisas mostradas no filme aconteceram, mas de maneira diferente. É uma obra de ficção. Vale a pena assistir.


ÉPOCA – O filme mostra um diálogo em que Marcola provoca as autoridades...
Furukawa - Isso é fato. Marcola disse ao então diretor do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) Godofredo Bittencourt: "Eu posso matar vocês. Mas vocês têm de me proteger. Vou escurecer São Paulo. Pode colocar suas tropas nas ruas porque vou colocar as minhas. Vamos ver quem pode mais".


ÉPOCA – O que o Estado perdeu com a crise de 2006?
Furukawa - A maior perda foram as vidas - policiais, bombeiros e agentes penitenciários foram mortos. Os danos materiais (decorrentes das rebeliões em 74 unidades prisionais) também não foram desprezíveis. A crise deveria ter servido para que o Estado repensasse a questão da segurança pública e dos presídios, mas esse objetivo não foi alcançado. Tudo continua mais ou menos como antes.


ÉPOCA – Quais foram os efeitos dos ataques para o PCC?
Furukawa - Mais de 700 líderes da facção criminosa que foram transferidos no dia 11 de maio de 2006 para Presidente Venceslau continuam lá - certamente em condições de maior rigor e isolamento do que nas outras penitenciárias. Isso foi uma perda para eles. O PCC não teve nenhum lucro. Eles não conseguiram derrubar o RDD (regime disciplinar diferenciado, em que o detento fica isolado cerca de 22 horas por dia e sem acesso a visita íntima, TV e rádio) e nem diminuir o rigor em Presidente Venceslau. Os presos devem ter refletido: "o que ganhamos com esse barulho todo?". Os criminosos não são burros, certamente concluíram que um novo movimento como o de 2006 pode levar dezenas de companheiros deles à morte e que não teriam vantagem nenhuma.


ÉPOCA – E Marcola?
Furukawa - Por determinação minha, ele foi transferido para o RDD no dia 13 de maio de 2006 (o isolamento durou 1 ano). Soube que, atualmente, Marcola não é mais visto andando no pátio da penitenciária cercado por vários outros presos. Ele tem sido visto andando acompanhado de um ou dois e sem ser abordado pelos demais. Isso pode indicar que a liderança dele não é mais tão forte e que o poder estaria diluído.


ÉPOCA – Isso é bom?
Furukawa - Creio que o poder muito diluído é pior porque cada um pode começar a tomar decisões da sua cabeça e fazer coisas meio malucas. O ideal é que não tivéssemos nada disso. Mas se é um mal com o qual temos de conviver, seria bom que as coisas não fossem decididas de uma forma muito irresponsável também do lado da organização criminosa. Decisões tomadas de forma minimamente racional seriam mais previsíveis.


ÉPOCA – Por que, aparentemente, o PCC está numa fase de calmaria nos presídios?
Furukawa - Muitas pessoas tentam passar a impressão de que antes os presos se rebelavam porque as condições nos presídios não eram boas. Mas, atualmente, são muito piores por causa da superlotação. Há muito menos espaço agora. Por que será que os presos se rebelavam tanto quando tinham um secretário que era considerado liberal (o próprio Nagashi Furukawa) e não se rebelam quando tem rigor (nas gestões seguintes, de Antonio Ferreira Pinto e Lourival Gomes)? Será que é com rigor que está sendo mantido o controle? Ou será que é exatamente o contrário, o rigor era maior antes?


ÉPOCA – Polícia e Ministério Público costumam dizer que pelo menos 90% dos presos do Estado de São Paulo estão sob a influência do PCC. Qual é o tamanho da facção?
Furukawa - O PCC não é do tamanho que dizem. Em maio de 2006, havia cerca de 142 mil presos em São Paulo. Das 144 unidades existentes no Estado, 74 se rebelaram - praticamente a metade. Só por aí dá para ver que essa informação não procede. Também não se pode considerar que numa penitenciária rebelada, 100% sejam do PCC. Entre os presos, 1% tem envolvimento sério com organizações criminosas, PCC ou não.


ÉPOCA – As razões da crise de maio de 2006 estão mais claras atualmente?
Furukawa - Durante e depois da crise grande parte das discussões e das matérias da imprensa foram para saber se o governo de São Paulo tinha feito algum acordo com os presos. Quando deveriam ser "por que chegamos a esse ponto?". A causa imediata da crise foi a transferência dos 765 presos de diversos pontos do Estado para Presidente Venceslau. Mas as causas remotas são muitas. Talvez a principal seja o crescimento da facção criminosa dentro e fora dos presídios. Se o PCC não estivesse nas ruas, os ataques não teriam acontecido.
ÉPOCA – Por que o PCC cresceu tanto?
Furukawa - Só na minha gestão o número de presos no Estado de São Paulo cresceu de 60 mil para 125 mil. Então, nesse período o PCC deve ter dobrado de tamanho. Mas não é só isso. As nossas penitenciárias são grandes demais. Para que os presos fossem observados, elas teriam de ser pequenas. Nesses casos, lideranças negativas em ascensão podem ser rapidamente detectadas e retiradas para que não contaminem os demais. O tamanho dos presídios foi o principal fator do crescimento do PCC.

ÉPOCA – As penitenciárias, em geral, são ambientes instáveis?
Furukawa - São. Qualquer coisa pode desestabilizá-las. Um ato de injustiça contra um preso bem-quisto ou líder pode desencadear uma rebelião. Se, por exemplo, um funcionário tiver a infelicidade de dar um tapa no rosto do preso na frente dos outros haverá rebelião. As penitenciárias de São Paulo foram concebidas e estão administradas com base no fundamento de que é possível a convivência pacífica entre presos e funcionários. Elas não foram construídas para uma convivência belicosa - a não ser a de Presidente Bernardes, onde há o RDD, e a de Presidente Venceslau, que foi adaptada. Numa penitenciária comum, se um dos lados quebra o fundamento da convivência, basta um estalar de dedos para cadeia virar. Os funcionários e os presos ficam o tempo todo no fio da navalha. Mas a grande maioria não deseja confusão.

Salve Geral - BASEADO EM FATOS REAIS


Uma das cenas de Salve geral que lembra os ataques do PCC. Em maio de 2006, os ataques dos bandidos fizeram a cidade de São Paulo pararNa vida real, Marcos Willians Herbas Camacho – o Marcola – é um só: chefe do autoproclamado Primeiro Comando da Capital (PCC), facção que domina presídios paulistas e ordena crimes nas ruas. Em Salve geral, um longa-metragem inspirado em ações do PCC, as características de Marcola aparecem em dois personagens: Professor (interpretado por Bruno Perillo), um leitor voraz e sedutor, e Chico (vivido pelo ator Eucir de Souza), um bandido pragmático e que se diz defensor dos direitos dos detentos. Na sexta-feira 2 de outubro, quando a ficção dirigida por Sergio Rezende chegar aos cinemas brasileiros, o verdadeiro Marcola deverá estar no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. Ele será julgado pelo assassinato em 2003 de Antonio José Machado Dias, juiz-corregedor de Presidente Prudente, no interior do Estado.

Em Salve geral, o juiz-corregedor também é executado – apesar da discordância de um dos Marcolas. Realidade e ficção podem se misturar no cinema. Nos tribunais, não. O promotor de Justiça Carlos Marangone Talarico afirma ter provas de que Marcola e seu braço direito no PCC, Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, mandaram matar Machado Dias por considerá-lo severo demais com os presos. “Três executores do homicídio já foram julgados. Um deles foi condenado a 30 anos”, afirma Talarico. “Marcola diz que é inocente e que o PCC nem existe.” De acordo com Talarico, os sete jurados que definirão se Marcola e Carambola são culpados receberão proteção extra do Estado.

O julgamento de Marcola e a estreia de Salve geral trazem de volta à memória um fantasma que todos prefeririam esquecer. E chamam a atenção de São Paulo e do Brasil para a segurança nos presídios e o terror urbano. Será que novos episódios como aquele podem ocorrer? Por que o PCC e as cadeias, aparentemente, estão numa fase de calmaria? Responder a essas perguntas envolve entender como o PCC foi capaz de comandar o crime de dentro dos presídios e o que foi feito para tentar minar esse poder de lá para cá.

O PCC cresceu como um sindicato. Dava assistência a presos e a seus familiares – distribuía até cestas básicas. Reivindicava condições mais dignas nas cadeias e agia como um partido político. Seus líderes criaram uma estrutura de arrecadação entre criminosos dentro e fora dos presídios. Com o dinheiro, era possível subornar agentes do Estado, financiar fugas e garantir a entrada de drogas e celulares nas prisões. O PCC também montou uma rede de comunicação por meio de centrais telefônicas, que faziam a ligação entre os presos e os bandidos lá fora. Uma de suas principais armas era o celular, essencial para a comunicação com os cúmplices externos, entre eles familiares e advogados.

A rebelião de 2006 começou com uma tentativa das autoridades para conter as atividades do PCC. No dia 11 de maio, 765 detentos ligados à facção – Marcola entre eles – haviam sido levados de diversas unidades de São Paulo a uma penitenciária de segurança máxima em Presidente Venceslau, no oeste paulista. De acordo com Nagashi Furukawa, então secretário da Administração Penitenciária, o PCC orquestrava uma megarrebelião para agosto daquele ano, a dois meses das eleições. A transferência de seus principais integrantes era uma tentativa de impedir o levante.

A transferência não deu certo. Os presos começaram a fazer reclamações fantasiosas de falta de comida e colchões. “Eles queriam que liberássemos a entrada de visitas no Dia das Mães e imediatamente a de advogados. Eu respondi que não abriria exceção”, disse Furukawa depois de assistir a Salve geral a convite da reportagem de ÉPOCA. Pela regra vigente em São Paulo, detentos transferidos não podem receber visitas nos primeiros dez dias na nova unidade. No dia seguinte, depois de algumas horas em Presidente Venceslau, Marcola e outros cinco integrantes da cúpula do PCC foram levados à sede do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), na Zona Norte de São Paulo.


NO TRIBUNAL
Marcola, líder do PCC, deverá ser julgado nesta semana. Acima, a imagem mais contundente do terror do PCC



Marcola afirmou ao delegado e então diretor do Deic, Godofredo Bittencourt: “Eu posso matar vocês. Mas vocês têm de me proteger. Vou escurecer São Paulo. Pode colocar suas tropas nas ruas porque vou colocar as minhas. Vamos ver quem pode mais”. Sua ameaça se cumpriu. Uma série de ataques simultâneos tomou de assalto todo o Estado. Durante uma semana, foram mortos 41 agentes da lei (entre policiais e funcionários de cadeias), 107 suspeitos, 18 detentos e quatro civis inocentes. Mais de 80 ônibus foram incendiados e 17 agências bancárias atacadas com tiros e bombas. Houve rebeliões em 74 das 144 cadeias e penitenciárias do Estado. Em julho e agosto de 2006, o PCC voltou a atacar, mas sem o mesmo impacto dos dias sangrentos.

O governo saiu desmoralizado, e os efeitos políticos do terror foram imediatos. Furukawa pediu demissão por falta de sintonia com Saulo de Castro Abreu Filho, então secretário da Segurança Pública. Saulo deixou a pasta meses depois. Embora as duas secretarias não tenham sido unificadas, seus ocupantes têm agido de modo coordenado desde março deste ano, quando Antonio Ferreira Pinto foi deslocado do comando da Administração Penitenciária para a chefia da Segurança Pública. Lourival Gomes, antes adjunto de Pinto, o substituiu. A ação coordenada traz duas vantagens: unifica as visões de quem lida com criminosos dentro e fora dos presídios e permite que as autoridades se antecipem às ameaças – algo que faltou em 2006.

Depois dos ataques, os líderes da facção foram mantidos, nos casos que a lei permitia, em um regime disciplinar que dificulta a comunicação e o exercício da liderança, conhecido pela sigla RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). Nele, os detentos ficam isolados 22 horas por dia e sem acesso a visita íntima, TV e rádio. O próprio Marcola ficou isolado em RDD por um ano. As autoridades também tentaram desbaratar as tecnologias de comunicação do PCC e suas finanças. Perceberam que os próprios presos poderiam colaborar fornecendo informações sobre a organização, e o núcleo de inteligência foi reforçado.

“A facção perdeu soldados porque muitos foram mortos ou presos durante e depois dos ataques”, afirma José Vicente da Silva Filho, consultor de segurança e ex-secretário nacional da Segurança Pública. “A repressão causou prejuízos financeiros ao PCC porque prejudicou o tráfico de drogas.”

Ainda que Marcola esteja enfraquecido, isso não é necessariamente bom. Ações de uma facção como o PCC são mais previsíveis quando as ordens são dadas por um homem só. Nas ruas, os bandidos ligados ou não ao PCC seguem atuando. As estatísticas policiais mostram que a criminalidade está crescendo em São Paulo. Em muitos presídios, os agentes penitenciários, segundo o sindicato da categoria, se limitam a impedir que os detentos fujam. A superlotação obriga os funcionários honestos a fazer vista grossa a irregularidades como o uso de drogas e celulares. “A situação continua ruim. Funcionários são ameaçados e pegos como reféns pelos presos. A diferença é que agora o governo blindou a Administração Penitenciária e as informações não vão para a imprensa”, afirma Luiz da Silva Filho, diretor do Sifuspesp, sindicato dos agentes penitenciários.
Mesmo assim, o consultor José Vicente afirma ser pouco provável o terror de maio de 2006 se repetir, pois nem o PCC imaginava a dimensão que ele teria. Ninguém foi punido pelos ataques, mas eles parecem ao menos ter acordado as autoridades para agir de forma preventiva. Para que elas sejam bem-sucedidas nessa tarefa, porém, ainda é preciso ter mais e melhores prisões e, sobretudo, acabar com o sistema judicial que gera uma sensação de impunidade e incentiva o crime no país.

Estatuto CV x PCC

1.Lealdade, respeito, e solidariedade acima de tudo ao Partido 2.A Luta pela liberdade, justiça e paz 3.A união da Luta contra as injustiças e a opressão dentro das prisões 4.A contribuição daqueles que estão em Liberdade com os irmãos dentro da prisão através de advogados, dinheiro, ajuda aos familiares e ação de resgate 5.O respeito e a solidariedade a todos os membros do Partido, para que não haja conflitos internos, porque aquele que causar conflito interno dentro do Partido, tentando dividir a irmandade será excluído e repudiado do Partido. 6.Jamais usar o Partido para resolver conflitos pessoais, contra pessoas de fora. Porque o ideal do Partido está acima de conflitos pessoais. Mas o Partido estará sempre Leal e solidário à todos os seus integrantes para que não venham a sofrerem nenhuma desigualdade ou injustiça em conflitos externos. 7.Aquele que estiver em Liberdade "bem estruturado" mas esquecer de contribuir com os irmãos que estão na cadeia, serão condenados à morte sem perdão 8.Os integrantes do Partido tem que dar bom exemplo à serem seguidos e por isso o Partido não admite que haja assalto, estupro e extorsão dentro do Sistema. 9.O partido não admite mentiras, traição, inveja, cobiça, calúnia, egoísmo, interesse pessoal, mas sim: a verdade, a fidelidade, a hombridade, solidariedade e o interesse como ao Bem de todos, porque somos um por todos e todos por um. 10.Todo integrante tem que respeitar a ordem e a disciplina do Partido. Cada um vai receber de acôrdo com aquilo que fez por merecer. A opinião de Todos será ouvida e respeitada, mas a decisão final será dos fundadores do Partido. 11.O Primeiro Comando da Capital PCC fundado no ano de 1993, numa luta descomunal e incansável contra a opressão e as injustiças do Campo de concentração "anexo" à Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, tem como tema absoluto a "Liberdade, a Justiça e Paz". 12.O partido não admite rivalidades internas, disputa do poder na Liderança do Comando, pois cada integrante do Comando sabe a função que lhe compete de acordo com sua capacidade para exercê-la. 13.Temos que permanecer unidos e organizados para evitarmos que ocorra novamente um massacre semelhante ou pior ao ocorrido na Casa de Detenção em 02 de outubro de 1992, onde 11 presos foram covardemente assassinados, massacre este que jamais será esquecido na consciência da sociedade brasileira. Porque nós do Comando vamos mudar a prática carcerária, desumana, cheia de injustiças, opressão, torturas, massacres nas prisões. 14.A prioridade do Comando no montante é pressionar o Governador do Estado à desativar aquele Campo de Concentração " anexo" à Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, de onde surgiu a semente e as raízes do comando, no meio de tantas lutas inglórias e a tantos sofrimentos atrozes. 15.Partindo do Comando Central da Capital do KG do Estado, as diretrizes de ações organizadas simultâneas em todos os estabelecimentos penais do Estado, numa guerra sem trégua, sem fronteira, até a vitória final. 16.O importante de tudo é que ninguém nos deterá nesta luta porque a semente do Comando se espalhou por todos os Sistemas Penitenciários do estado e conseguimos nos estruturar também do lado de fora, com muitos sacrifícios e muitas perdas irreparáveis, mas nos consolidamos à nível estadual e à médio e longo prazo nos consolidaremos à nível nacional. Em coligação com o Comando Vermelho - CV e PCC iremos revolucionar o país dentro das prisões e nosso braço armado será o Terror "dos Poderosos" opressores e tiranos que usam o Anexo de Taubaté e o Bangú I do Rio de Janeiro como instrumento de vingança da sociedade na fabricação de monstros. Conhecemos nossa força e a força de nossos inimigos Poderosos, mas estamos preparados, unidos e um povo unido jamais será vencido. LIBERDADE! JUSTIÇA! E PAZ! O Quartel General do PCC, Primeiro Comando da Capital, em coligação com Comando Vermelho CV UNIDOS VENCEREMOS.

Autoridades investigam ligação entre CV e PCC

A ligação das duas organizações criminosas mais perigosas do país, o Comando Vermelho (CV), do Rio, e o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, está sendo investigada pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Estadual e pela Polícia Civil de São Paulo. O relacionamento dos grupos é tão estreito que o PCC virou fonte de inspiração para o CV, que criou um estatuto nos moldes do que rege a facção paulista. O delegado Alberto Pereira Matheus, do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), que participou de seis meses de investigações para identificar os chefes do PCC e seus crimes, conta que a permanência em Bangu 1, por alguns meses, de César Augusto Roris da Silva, o Cesinha, e de José Márcio Felício, o Geleião, líderes do PCC, foi "fundamental" para firmar a relação e os negócios entre as duas facções criminosas. As 470 horas de gravações das conversas por telefone dos integrantes do PCC e do CV revelam as relações entre os chefes dos dois grupos. As fitas estão em poder do Deic e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público. Um desses negócios é a compra e a venda de armas. Num dos telefonemas, o assaltante Reginaldo Almeida Danelluci, o Neguinho, que cumpria condenação na Penitenciária do Estado, no Carandiru, acerta com um traficante preso em Bangu 1 a vinda de armas do Paraguai. Danellucci foi denunciado pelos promotores Roberto Porto e Márcio Christino, do Gaeco, no processo que apurou a atuação do PCC em São Paulo. Também foi enquadrado em crimes de extorsão tráfico de drogas, homicídio, venda de armas e atentados a bomba. "A sociedade entre o PCC e o CV no tráfico, nos assaltos e na venda de armas está sendo investigada. Os indícios são fortes, mas até agora temos apenas conversas", admitiu Christino. Quando estavam recolhidos em Bangu 1, Cesinha e Geleião usaram o celular de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Os telefones do bandido ficavam em poder de Marcos Marinho dos Santos, o Chapolim, que foi encarregado pelo traficante para comprar um míssil. Chapolim selecionava as pessoas que poderiam falar com Beira-Mar. "Nós estivemos no Rio e, com autorização da Justiça, grampeamos os telefones dos presos de Bangu 1 usados pelo PCC. Um dos celulares era utilizado pelo Comando Vermelho no período da manhã e pelo PCC à tarde. Da cadeia, no Rio, Cesinha ordenava quem ia morrer e o que seria explodido", afirmou Matheus. Ainda segundo o delegado do Deic, pelas conversas gravadas deu para concluir que o PCC é mais organizado. "Os bandidos no Rio não têm o mesmo poder de mobilização que os criminosos do PCC e estão aprendendo com os paulistas." ORGANIZAÇÃO - O promotor Christino tem a mesma opinião de Matheus. "O Comando Vermelho está incorporando a dialética política do PCC, que é uma facção criminosa organizada e abrangente. E isso é preocupante. Pode espalhar para os presídios do país este sentido de organização e da prática de atos de violência e crueldade. Cesinha e Geleião já tinham feito isso no Paraná." Os dois criminosos estão recolhidos atualmente com os demais chefes do PCC na prisão de segurança máxima de Presidente Bernardes, no interior paulista. Eles cumpriram condenação em Bangu 1 a pedido do governo de São Paulo. Apesar de estarem distantes, continuaram chefiando a organização criminosa. Por isso mesmo o governo pediu a volta deles a São Paulo para mandá-los a Presidente Bernardes. Uma das provas concretas da chegada do Comando Vermelho a São Paulo foi a descoberta, há duas semanas, da quadrilha do traficante Claudair Farias, que se diz "compadre" de Beira-Mar e sócio dele no transporte e na venda de cocaína da Colômbia para o Brasil. Os sítios e chácaras alugados na Grande São Paulo e no interior para refinar cocaína, empacotá-la e distribuí-la teriam sido negociados por Claudair em sociedade com Beira-Mar. O delegado Ivaney Cayres de Souza, diretor do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), declarou que Claudair vendia em São Paulo 1 tonelada de cocaína por mês. "Estamos investigando as propriedades da quadrilha e não temos dúvida que Beira-Mar estava presente no interior de São Paulo pelas mãos de Claudair", afirmou Souza. O objetivo do PCC e do CV é criar o Partido da Comunidade Carcerária para agir em todo o país, dentro e fora das prisões. Para montar o grupo criminoso, o PCC designou em São Paulo o assaltante de bancos Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, preso em Presidente Bernardes. No Rio, o CV indicou William da Silva Lima, o Professor, criador do primeiro CV, que cumpre condenação de 60 anos em Bangu 3. Entre as reivindicações a serem feitas pela nova facção criminosa, em âmbito nacional, estão o direito de voto do preso, o retorno dos detentos aos seus Estados de origem, dez visitas por mês para cada preso, desativação dos presídios de segurança máxima, criação de comissão para fiscalizar tortura e abusos no sistema carcerário e anistia para os presos que estão cumprindo mais de 15 anos sem nunca terem obtido qualquer benefício da Lei das Execuções Penais. A Polícia Federal está tentando identificar nos outros Estados os presos indicados pelo CV e pelo PCC para estruturar e montar o grupo. No Rio, a nova organização está sendo investigada pelo Serviço de Inteligência da Polícia Civil e pelo Departamento de Sistema Penitenciário (Desipe). O Ministério Público do Rio apura também as novas normas adotadas nas prisões pelo Comando Vermelho. Um estatuto do CV foi elaborado em 2 de fevereiro e uma cópia, apreendida por promotores durante blitz em Bangu 1, antes da rebelião de 11 de setembro, quando quatro presos foram mortos. O estatuto Comando Vermelho, Liberdade, Respeito, Lealdade, Justiça e União foi adaptado com mudanças de comportamento. As normas aplicadas são parecidas com as adotadas pelo PCC nas prisões de São Paulo. O parágrafo 10.ª diz: "Temos que ter um ideal e em Bangu 1 transformar como castigo o tempo determinado de somente seis meses como ocorre em Taubaté, São Paulo. Deixamos claro a nossa amizade pelo PCC". O item 2º recomenda: "Todos da organização ficam cientes que a prioridade é a liberdade, o resgate, a tomada na rua, em delegacias, fóruns, sem discriminação, para a liberdade a qualquer custo". Lembra aos integrantes do CV que eles devem ajudar na liberdade "dos amigos" e adverte: os que usarem o nome do CV para "fins próprios" serão condenados à morte sem perdão. O CV cobra ajuda e ameaça: "A organização é bem clara. Aqueles amigos que tem (sic) condições na boca (ponto-de-venda de drogas) e não ajudam os que trabalham para eles e nem ajudam o coletivo prisional serão substituídos. Temos que dar exemplo para os amigos mais jovens que estão chegando na organização". Os autores do estatuto avisam que não querem tóxicos, "pó" (cocaína). Querem material de higiene, advogados, remédios, roupas, calçados, alimentos. CONTABILIDADE - Além da cópia com as novas normas para os seguidores do CV, o Ministério Público apreendeu documentos com uma pequena contabilidade dos presos de Bangu: movimentação de dinheiro, nomes e apelidos dos presos responsáveis pela cobrança. Nas circulares dirigidas aos detentos, distribuídas todo começo da semana, os coordenadores do CV orientam a "massa" e escrevem palavras de incentivo: "O mal jamais vencerá o bem." "Muita fé em Deus para todos nós". "Fé em Deus, nas crianças e rua já para todos." "Nós vivemos num lado certo de uma vida errada." "Se eu avançar, siga-me; se eu recuar, mate-me; se eu morrer, vingue-me, pois somos gerrilheiros do Comando Vermelho." Entre as recomendações, os chefes do CV orientam os presos em Bangu para que tomem cuidado quando fizerem acusações sem provas. "O castigo para quem mente na maioria das vezes é a morte." Os agentes penitenciários são chamados pelos presos de "bruxos" e os líderes do CV pedem que sejam bem tratados porque compram remédios e facilitam "as coisas". Na contabilidade há registro de saída e entrada de dinheiro para pagamento de lanches, telefonemas, passagens de ônibus e de trem para os familiares dos detentos nos dias de visita. O Comando Vermelho estabeleceu para os detentos de Bangu dez mandamentos que a "massa" deve seguir. São eles: não negar a pátria, não cobiçar a mulher do próximo, ser humilde, fortalecer os caidinhos, eliminar os inimigos, não acusar sem provas, não conspirar, não alcagüetar, não matar em vão, ser coletivos.

Comando Vermelho deu origem à organização paulista

Uma das principais lideranças do Comando Vermelho nos anos 80, José Carlos Gregório, 51, condenado a 64 anos de prisão por assalto a banco, sequestro e roubo diz que o PCC (Primeiro Comando da Capital) começou a ser estruturado por integrantes do CV no início dos anos 90. "É o filho menor do Comando Vermelho", diz Gregório. "Há dez anos, quando a repressão começou a piorar, o CV migrou para São Paulo", afirma Gregório, autor do resgate do traficante José Carlos dos Reis Encina, o Escadinha, do presídio da Ilha Grande usando um helicóptero. Segundo Gregório, alguns integrantes importantes do CV passaram a agir em São Paulo com o conhecimento da liderança da organização -que costuma tomar as decisões mais importantes em sistema de colegiado. Entre esses membros da organização estavam os irmãos Sérgio e Júlio Achê. Além de Célio Tavares, o Lobisomem, um dos fundadores do CV. Além de estrutura semelhante, o PCC utiliza várias marcas criadas pelo CV, como a frase "Paz, Justiça e Liberdade", que apareceu escrita no chão de terra do campo de futebol no complexo penitenciário do Carandiru e em outros presídios rebelados em São Paulo. No estatuto, o PCC faz alarde da ligação com o CV. "Em coligação com o CV, iremos revolucionar o país de dentro das prisões e o nosso braço armado será o terror "dos poderosos" opressores e tiranos que usam o "anexo de Taubaté" e o Bangu 1 no Rio de Janeiro como instrumento de vingança da sociedade na fabricação de monstros". Em Taubaté e em Bangu, estão prisões de segurança máxima. O estatuto do PCC difunde as mesmas idéias centrais que nortearam a fundação do Comando Vermelho, como a proibição da prática de estupro, assalto e extorsão dentro das cadeias (cujo desrespeito é punido com a morte) e a formação de um caixa para financiar o grupo nas prisões e suas famílias do lado de fora. Convertido em 90 à Igreja Prebisteriana, Gordo atende hoje por "irmão Gregório", vive em regime semi-aberto e trabalha na Fundação Benção do Senhor. "Hoje estou no Comando de Jesus", diz ele que considera o manifesto do PCC "uma xerox com algumas modificações" das idéias do CV. Gregório afirma que, no seu tempo, o CV já tinha ramificações em todo o Brasil. Gregório lembra que a revolta que marcou o nascimento, em 1979, do CV -organização surgida a partir do convívio entre presos políticos e criminosos comuns- fez 21 mortos. "Ou se acabava com os estupradores, com os assaltantes de cadeia e os achacadores ou nós não íamos a lugar nenhum. Então fizemos a nossa noite de São Bartolomeu", diz, aludindo ao massacre dos protestantes pelos católicos em 1572, em Paris. Para o ex-coordenador de Segurança Pública do Rio, Luiz Eduardo Soares, as organizações fortes no sistema penitenciário, com ramificações externas, como o CV, o Terceiro Comando e o ADA (Amigos dos Amigos), funcionam como "formas de afirmação da unidade dos grupos criminosos locais e, simultaneamente, como recursos de diferenciação, no mercado das disputas por dinheiro e poder". Segundo Soares, fora das prisões, esses nomes funcionam mais como "linhas de demarcação que aproximam e opõem os atores coletivos, do mundo criminal" do que como representação de organizações sólidas bem estabelecidas. "Quanto valem, de fato, depende do contexto, da circunstância específica, do tema em foco", salienta. "Ele está certíssimo", atesta Gregório.

Oração da Serenidade

Concedei-me, Senhor A serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar; Coragem para modificar aquelas, que posso; e Sabedoria para conhecer a diferença entre elas. Vivendo um dia de cada vez; Desfrutando um momento de cada vez; Aceitando que as dificuldades constituem o caminho à paz; Aceitando, como Ele aceitou, este mundo tal como é, e não como Ele queria que fosse; Confiando que Ele acertará tudo contanto que eu me entregue à Sua vontade; Para que eu seja razoavelmente feliz nesta vida e supremamente feliz com Ele eternamente na próxima. Amém.

Corjas Assassinas

A gravação das imagens do crime só foi divulgada sete meses depois. As cenas foram flagradas pela câmera de segurança de um comércio na periferia de Manaus (AM). Um policial tenta matar, com tiros à queima roupa, um menor desarmado, de 14 anos. O comando da PM do Amazonas diz que desconhecia a atitude do policial. Os moradores do local do crime têm medo de viver ali. Acompanhe o caso.

Comando Cansei do Crime. Fala Sério!

Na grande reportagem deste domingo (27), acompanhe o flagrante de uma caçada nos redutos do tráfico no Rio de Janeiro e, com exclusividade, o depoimento do sequestrador que chegou a manter mais de 20 pessoas em cativeiro ao mesmo tempo.

Curiosidades

Esta é típica para aquelas mulheres que sempre querem saber tudo o que os maridos estão fazendo... Uma mulher apaixonada envia uma mensagem de texto no celular, com muito amor, ao seu amado dizendo: “Meu amor, se está dormindo, me envie os seus sonhos! Se você está rindo, me envie o seu sorriso! Se você está chorando, me envie as tuas lágrimas! Eu te amo!” Nisso, o homem responde: “Meu amor, estou cagando... Quer que eu te envie alguma coisa?”